21.8.07

Pinturas com história

O encontro

Parece um troglodita. Hibernou no tempo do homem de Neanderthal, num espaço exíguo e escuro, até ter concluído o seu ciclo evolutivo.

Surgiu para viver em liberdade sobre a terra. A natureza tinha-se adaptado a seu modo, parecia um jardim imenso, verde, com reflexos de luz prateada e odores inebriantes.

O homem procura outros contrastes, outros isolados como ele com corpos e atitudes semelhantes. Percorre o espaço com uma inquietação viva, seguindo as pegadas impressas no chão. Porém, o tempo é curto estas marcas começam a perder o brilho, julga ser impressões de homens que desapareceram há muito tempo.

Gera-se uma profunda solidão, que faz dele um ser frágil, de olhos tristes, pensativo.

O insólito acontece. Chegou até ele uma estranha figura, colossal, com asas e cabeça de galo. No entanto, este estranho ser não voa, anda. Até parece que fala. Com ar decidido, cacareja sons imperfeitos, imperceptíveis ao conhecimento.

Contempla-o com admiração. De vez em quando levanta a cabeça, parece que vai cantar. Este encontro é uma armadilha.

Não me lembro do dia em que fiz este trabalho. Os motivos são sempre um mistério, circunstâncias próprias do momento. Acho que foi feito rapidamente, como um apontamento.

Agora vejo um trabalho curioso e estranho. Até a figura “ troglodita “, se interroga. Ou a história foi mal contada ou um deles está a mais na composição.

Não importa. Está feito!

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